A Visita

Certa vez, movido por coação e chantagem moral, fui "intimado" à visitar a igreja da minha mãe... Era um culto de festividades do coral das senhoras e, tendo a promessa de que seria rápido e, estando eu abalado por lágrimas e argumentos,  para lá eu fui levado. Então lá estava eu quietinho, sentado no meu cantinho, ou seja,  no fundão escondido atrás de alguns irmãos. Eu conhecia o perigo e, objetivando passar despercebido, procurava o melhor abrigo, o mais seguro dos esconderijos... Colhiam ofertas durante a oração e, aos que não fechavam os olhos, tonavam-se vítimas de  uma triste coação e antes de chegarem próximos as moedas já estavam em mãos. Sem ritmo entoavam o louvor dedicando a Cristo, era um desastre todo, mas dedicado era ao senhor, pois ele nos salvou e, por tal razão, é merecedor. Contando os minutos para da li eu zarpar e naquele local nunca mais retorna, mas, de repente, assim do nada, uma velhinha com a cara engraçada, desce do palco parecendo com alguém estar muito zangada. Ela então para a oração e, a passos longos e lágrimas escorrendo, caminha em minha direção, assustado , pois todas as próximas cenas dessa triste história já tinha imaginado. Pensa o tamanho do desastre... Microfone na boca e uma  bíblia numa das mãos e, num outro idioma, gritava parecendo alguém exorcizar ou esta dando algum sermão... Infelizmente, ela me escolheu e me arrasta lá pra frente, me pondo de joelho para fazer um apelo diante de tanta gente... Olhos esbugalhados, cabelos mal penteado, eu ali parado e perante ela ajoelhado – Meu filho Deus me mandou te entregar um recado! – Um tanto quanto curioso, mas envergonhado, abaixei a cabeça ao perceber que todos me olhavam assustados... Dizia ela que eu iria morrer se sua religião não viesse a me converter e, sendo um novo homem desde ali, os hábitos mudamos de uma vez esquecer... Só quero explicar que não estou aqui para julgar, pois todos são livres para escolher no que acreditar e, por outro lado, com o devido respeito, também sou livre para suas praticas questionar... Falou dos meus amigos e das companhias, que o mundo era cheio de ilusão e falsas alegrias, mas aquilo de nada valia, pois tal sermão para mim não servia... Será que se perguntasse o nome seles ela me falaria? Ficar surdo era o menor dos perigos, pois aquela doida, além de se invocar comigo, não parava de gritar ao pé do meu ouvido, mas não parava por ai esse infeliz desgosto, pois, enquanto ela berrava, sua saliva respingava em todo o meu rosto. Podia dizer que era coação ou simplesmente, como ela, deixar de lado a educação, gritar logo - MOÇA EU NAO QUERO NÃO! - e por um fim naquela  verbal e salival agressão, mas, olhando pra trás, vendo as lágrimas escorrerem rosto de minha mãe, foi uma facada no coração... Ali ajoelhado, o presente, o futuro e passado haviam cruzado, se quando menino eu ia obrigado, agora, para ir, tinha que ser enganado e até de morte ser ameaçado... Não disse nem sim nem que não, usei do meu silêncio pra acabar com a coação e sair daquela situação. É tão bom quando as ideia flui, fato é que voltei pra casa exatamente como fui, sem chance de convencimento, independente da coação ou dos argumentos, pois terão que melhorar a tática para manipular meus pensamentos... Agora para terminar, vocês acham que  numa igreja tornarei a pisar?