As brincadeiras eram muitas, às vezes até sem controle algum, pendiam para os lados perigosos e acabavam se tornando uma grave ofensa. Vivo a dizer: brincadeira não tem limite, quem tem limites somos nos. No trabalho, o meu amigo Alemão conseguiu fazer algo que pra mim parecia incrível e que até hoje tento entender. Tudo começou numa segunda-feira, quando o Alemão e o Bahia (Gilson) brincavam um com o outro, mas de repente começaram a trocar ofensas, até ai tudo bem, já que era normal e acreditava que iria ficar só nisso. Mas meu amigo Alemão não contente com a batalha verbal que travava com seu colega de serviço, revolver relacionar a mãe do Bahia como protagonista da historia deles. Ai você já deve imaginar, caro leitor, mãe não se mexe, ainda de baiano! Quando foi tocado em seu ponto fraco o Bahia partiu com toda sua fúria pra cima do alemão que, por incrível que pareça, encontrava-se com uma pistola em mão, só que era a pistola do compressor a qual utilizava para secar os tapetes de um carro. O Alemão não perdeu tempo e deu com a mangueira varias vezes na cabeça do Bahia. O compressor é composto do cilindro de ar, mangueira e a pistola, só que a pistola do compressor é puro ferro. Nossa, deve ter doido demais aquilo... Eu como era responsável pela ária da lavagem e briga aconteceu no acabamento, quando cheguei para apartar as agressões já haviam acontecido e a cabeça do Bahia já estava sangrando. O Bahia que vivia a gabar-se por lutava capoeira, ficou com a cabeça quebrada, porém, continuou o velho mentiroso de sempre, pois deu-nos a desculpa esfarrapada de que ficou tonto na hora que levou a primeira mangueirada. Eu não sabia se dava risada ou se ajudava o Bahia se lavar. Não pense você caro amigo que ficou por isso mesmo, pois o que estava por vir era bem pior e, as megueiradas, não chegava nem perto. Coitado do Bahia... No dia seguinte eu fui o primeiro a chegar, o Israel assim que me viu pediu que quando os brigões chegassem lhes desse o recado de que o encontrasse na loja de conveniência. Esperava uma bronca, mas era muito pior que isso e, aos meus olhos, um tanto quanto injusto ou uma simples incompetência por parte do patrão. O Alemão chegou em seguida, como de costume, mas notei que estava meio eufórico, como se houvesse tomado energético no café da manhã. Dei-lhe o recado que recebeu dizendo:
– Fica vendo Sabotagem, se ele me mandar embora e não mandar o Bahia, você vai ver o que vou fazer!
Se não lembras, digo-lhes que Sabotagem não era só um apelido e sim uma maldição que ganhei por causas das tranças e trazia desde os tempos de Estacionamento, mas as vezes me chamavam de negão, que numa boa, era melhor que sabotagem. O Alemão sempre pareceu um bundão, tipo aquele que ameaça enquanto projeta-se para correr, ou pior, dos que não podemos dar as costas, mesmo assim tentei acalma-lo dizendo:
– Calma irmão, o cara esta ciente do acontecido e ele não vai fazer isso não, mesmo que for fazer deverá despedir os dois. Acredito que isso seria o mais justo a fazer.
O Alemão foi até a loja, mas cinco minutos depois voltou chutando o aspirado, produtos e tudo que viu em sua frente. Quando perguntei o que houve, com os olhos cheios de lagrimas disse-me:
– Negrão o Bahia esta fudido! Você vai ver o que eu vou fazer com ele mano. Você viu que eu não fiz nada, só me defendi, foi ele que veio pra cima de mim.
Se eu disser que não senti pena, estarei mentindo, pois o tinha como melhor amigo. O Israel veio em seguida ao vestiário e fez a seguinte ameaça:
– Meu é melhor você ir embora, pois se você quebra alguma coisa aqui eu vou descontar do dinheiro que vou te pagar.
Nesse mesmo momento eu vi o Alemão pegar um copo de vidro que havia trazido de casa e ir até a sua bolsa na intenção de guardá-lo, poderia tomar de sua mão ou segura-lo, mas quem iria imaginar que de repente na porta do vestiário iriam surgir o Bahia e seus primos Neo e Diego, que no dia anterior estava de folga. No momento que viu o Bahia, o Alemão não perdeu tempo e deu-lhe uma copada em sua cabeça, em imediato vi jorrar sangue da cabeça do Bahia, seu rosto ficar coberto de sangue e o alemão encurralado no vestiário a ti sendo proferida enumeras ameaças. O Bahia, mesmo sangrando e junto com seus primos tentava ir para cima do alemão, porém, o Israel e eu travamos a entrada do vestiário para que gangue baiana não matasse o Alemão. A verdade é que salvamos a vida dele, pois se aqueles caras o pegasse ele morreria. O final da historia foi até meio maluco o Alemão foi parar num delegacia e assinou um B.O que o seguira para o resto da vida, já o Bahia, seu destino foi o pronto-socorro onde foi presenteado com treze pontos em sua cabeça quadrada. Estava preste a se casar e em meio a aquela briga toda surgiu uma conversa de que talvez tivesse de fechar o lava-rápido por causa da briga. Aquilo foi como uma facada no meu coração, não podia fica desempregado, pois agora iria ser um pai de família, mas graças a deus não passou de um assunto sem pé nem cabeça em meio a excitação da discussão. Dia seguinte lá estávamos nós novamente, o Marcio que havia perdido todo o show devido à folga, mas se impressionou quando lhe contei todos os detalhes do ocorrido que, mesmo triste, não deixamos de partilhar algumas rizadas. O Niel que só trabalhava nos finais de semana após a briga se tornou efetivo conosco, acredito que por isso não senti tanto a falta do meu amigo.