II.
A CONSEQUÊNCIA
O disparo causou um estrondo monstruoso, todos vieram ver
o que havia ocorrido. Eu passava a mão por todo o meu corpo buscando ver onde a
bala ou os seus estilhaços havia acertado e, ao mesmo tempo, caminhava para
trás assustado. Em poucos segundos as garotas do pedágio chegaram e a sala de
segurança ficou lotada, não sei se pra saber se estava bem ou só por
curiosidade. De fato leitor, não sei o que havia acontecido, não dá pra
entender como o tiro não pegou em mim, pois o projetil ficou em vários pedaços
e, por um milagre, nenhum deles pegou em mim. Conforme reportagem, palestras e
filmes que assisti, quando um projetil é disparado à curta distância e atinge
uma parede, seus estilhaços atingem a todos que estão próximos. Mas, por um
milagre ou cosia do tipo, eu sai tremendo e quase surdo, no entanto, totalmente
ileso de tudo aquilo.
Não vou negar, isso tudo fez me lembrar de uma discussão
que havia tido com uma colaborada do pedágio dias antes. Naquela ocasião a
colaboradora, uma frequentadora da igreja Pentecostal do Sétimo, tentava me
converter a sua crença e eu, por outro lado, com todo meu discurso e malícia
filosófico, tentava cultivar a dúvida acerca da existência do ser divino na
coraçãozinho evangélico dela. Pois é meu amigo, ali jaz a existência do ser
divino e, definitivamente, mesmo com toda a minha arrogância e egocentrismo, em
casa havia alguém a orar por mim, razão pela qual aquele tiro não me atingiu...
Eu fui encontrado em meio a fumaça do revolver e bastante poeira devido ao dano
causado a pobre da parede, branco como as páginas deste livro e, em pânico,
minhas as mãos tremiam e os meus olhos estavambem húmidos. Eu escutava um
zumbido continuo, um monte de mulheres gritando comigo – Luiz, Luiz, Luiz, o
que aconteceu? O que foi que você fez? – Me questionava as colaboradoras do
pedágio preocupadas comigo. O fato é que, após o disparo eu fiquei meio grogue,
não conseguia raciocinar muito bem nos primeiros minutos após o ocorrido. Não
sei se aquilo tudo foi preocupação ou apenas curiosidade...
Além disso havia uma razão especifica para o apavoro
delas e, não só pelo tiro na parede, eu era o culpado. Elas pensavam que eu
havia tentado um suicídio – você estava andado muito estranho ultimamente Luiz.
O que você tentou fazer? – assim disse a Karina, uma das colaboradoras, após me
socorrer. Não tiro a razão dela não sabe, eu estava um pouco estranho mesmo,
mas daí ceifar a própria vida, é muito até pra mim. Ocorrer que eu, bancando o
maluco de sempre, dias anteriores ao fato, havia postado no Facebook algo que,
para o mundo normal, parecia um pouco estranho – o que será que esse louco
postou? – deve-se perguntar, caro leitor. Afirmou que não era algo demais,
apenas os primeiros capítulos daquele primeiro livro, que contava minha
história com meu primeiro amor. Venhamos e convenhamos, o cara começa postar
sua história no face e no dia seguinte escuta-se um tiro vindo da sala dele,
qualquer um iria deduzir que ele tinha tentado se matar.
Não vou negar que, se de fato suicídio fosse crime e se
existisse uma modalidade culposo, eu certamente incorreria neste tipo penal,
mas como o nossa legislação penal não dispões de tal tipicidade, não iria ser
preso, talvez tomasse justa causa. Sim, justa causa, eu já sabia a consequência
de tudo aquilo e estava pronto pra enfrentar de frente, só estava com medo de
ter que adiar meu sonho por causa disso, pois também sabia que corria esse
risco.
– Poxa, logo agora que estava indo tão bem – pensava eu
olhando para aquela maldita arma.
Assim que me acalmei e o coração, que estava na garganta,
voltou ao seu devido lugar, chamei o Supervisor Fernando no Nextel e, pedi para
que comparecesse no local, dando-lhe uma prévia do que havia acontecido. Com
sua chegada, conversamos e eu contei detalhadamente o que havia acontecido.
Após conversarmos com a supervisora do pedágio, ele deixou o local informando
que tentaria me ajudar de todas as formas, mas que poderia ter consequências
graves.
A vinda do Fernando em nada influenciou, continuava muito
nervoso e aquela noite parecia não acabar, mal consegui comer o tal churrasco
que tanto me causou ansiedade. Eu olhava para cena do crime, olhava para aquele
buraco na parede e não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
Com fim daquela noite, me despedi de todos meio que com uma certeza de que não
voltaria mais como segurança, apesar da supervisora do Pedágio ter garantido
que aquilo em nada influenciaria no meu serviço. Eu sabia da gravidade e do
risco que causei a minha vida e a de todos que ali trabalhava.
Cheguei em casa arrasado e, ao contar tudo a minha mãe,
ela deu glórias a Deus por eu ter chego vivo naquele dia. Não obstante a crença
na minha queria mamãe, eu queria mesmo era que tudo aquilo não tivesse
acontecido. Após contar pra minha mãe, tomar um café bem reforçado e, depois
contar uma três ou quatro vezes aos meus irmãos, me joguei na cama com uniforme
e tudo. Após responder algumas mensagens do povo do pedágio, trocar algumas
palavrinhas com a Najela, eu dormi como uma criança. Aquilo era como se o sonho
fosse o meio de fuga para tudo aquilo que tinha vivenciado e tudo que vinha
pela frente, pois eu era muito azarado.
Eu fui dormir era quase meio dia e acordei umas três da
manhã, isso porque o telefone, em um volume bem alto, anunciava a ligação de um
número estranho, porém, ao tentar atender, a ligação caiu. Curioso, pois havia
um monte de chamadas perdidas daquele número, maldita curiosidade, liguei de
volta acreditando que fosse alguma das minha “amiga” do pedágio querendo saber
como eu me encontrava, mas, pra minha surpresa, foi um homem que atendeu, pois
as tais amigas não estavam nem ai para o idiota aqui. O referido homem que
atendeu a ligação era o supervisor Fernando que havia passado o dia todo me
ligando, pois, segundo ele, tínhamos que registrar um Boletim de Ocorrência.
Após me explicar tudo, em poucos minutos, o Fernando estava em frente a minha
casa, sob a alegação de que iriamos registrar a ocorrência. Isso era às três da
manhã... Ao entra no carro da Prosegur com o referido Supervisor, ele me disse:
– Isso que vou te falar não sou eu que estou te contando
tá – falou o Fernando disse-me Fernando, acrescentando – se contar algo desta
conversa eu vou negar até a morte – encerrou ele causando extremo suspense.
Eu balancei a cabeça concordando com os termos
estabelecido e ele seguiu dizendo que o Coordenador Darci havia ouvido toda a
versão apresentada por ele e que tentou tudo em minha defesa, mas que só isso
não bastou, posto que teve ordens de vir a minha casa para registra o Boletim
de Ocorrência. O Fernando contou que tem que ele pensava no profissional de
forma humanista, mas que o Darci, da forma que falou, não parecia ter a mesma
visão e, para ele, o vigilante não parece passar de mero número ou peça que é
facilmente substituída.
– Na certa o coordenador Darci está querendo arquitetar
uma justa causa – disse o Fernando mostrando estar do meu lado – no seu lugar
eu não faria Boletim de Ocorrência, pois você não é obrigado a constituir prova
contra você – acrescentou ele ainda sério.
Não vou negar, acreditei nele, mas a coisa começou a
ficar estranha quando ele, mesmo me dando aquele conselho, foi comigo até à
frente da Delegacia, o que deixou tudo muito estranho. Sabe, aquele GPS ligado
parecia servir para registrar o local por onde o carro passava e, estar na
delegacia, era como se eximisse o Fernando de algo.
– Estamos em frente à delegacia – dizia o Fernando
elucidando as opções – agora vai de você registrar o boletim de ocorrência ou
não.
Até hoje não sei se ele foi mesmo aquele amigo todo, mas
depois de tudo que falamos no caminho até ali, só se eu fosse louco iria
registrar algum Boletim de Ocorrência. Ocorre que, com minha negativa, ele deu
a bela ideia de eu ir até à Prosegur e conversar com o tal do Darci, o que
aceitei de imediato. Eu queria olhar para a cara daquele que queria minha
cabeça. No entanto, foi a pior besteira que eu fiz... Sabe, esse meu jeito de
querer peitar e enfrentar tudo de cara é um verdadeiro ponte de interrogação em
minha vida, até hoje não sei se é vício ou virtude, mas, uma coisa é certa,
trouxe mais prejuízos que lucros.
Fato é que, da delegacia fomos direto para Prosegur,
próximo ao prédio da Philips, em uma das saídas da Marginal Tiete. Cheguei ao
local e, após o Fernando se despedir, eu fiquei lá esperando... Eu tomei um chá
de cadeira naquele lugar leitor, puta maldade. Pra ser mais específico, cheguei
às cinco da manhã e o filho da puta veio falar comigo às dez da manhã. Só que a
coisa não para por ai não, pois, ao sentar à mesa frente ao tal Darci, o filho
da puta, após eu narrar com detalhes o que havia acontecido, teve a audácia de
falar que eu estava brincando com a porra da arma, oportunidade em que travamos
uma breve discussão.
– Você acham que eu sou idiota – seguiu o Darci
interrompendo a linda história narrada por mim – vocês ficam brincando com a
arma durante à madrugada, só falta enfiar no cú e agora vem com esse papinho
pra cima de mim. Você acha mesmo que sou idiota – acrescentou ele.
Acredito que certas palavras não devem ser ditas, por
mais que o nível de raiva seja incontrolável, porém, a desgraça já havia
ocorrido e, não tendo mais nada a perder, de maneira nenhuma eu ria deixar
aquele almofadinha levar uma comigo.
– Seria muito difícil eu sair da minha cama a hora que
sai e, pior, fica esperando quase cinco horas pra ser atendido, para te chamar
de idiota, mas, por atitudes como as que acaba de mostrar, acho que não há
termo que possa te qualificar melhor – disse eu àquele imbecil após suas
palavras ofensivas.
– E por que você não quis registrar o Boletim de
Ocorrência? O Fernando disse que você se recusou – questionou ele já num tom
mais amigável.
– Não sou obrigado a constituir prova contra mim e, além
disso, eu passei no concurso da Polícia Militar e isso pode me prejudicar –
respondi olhando nos olhos dele.
Depois dessa resposta o cara mudou de cor, saiu da sala e
não voltou mais, sendo que, passado vinte minutos, pedi pra que uma moça que
fossem atrás dele. Fala a verdade leitor, esse cara merecia um tiro bem no meio
da testa. Com isso, a moça voltou com a informação de que eu deveria comparecer
no dia seguinte na base da Prosegur na Barra Funda com o uniforme às oito. Isso
significava Adeus pedágio, mas, ao mesmo tempo, à luz da legislação
trabalhista, um perdão tácito e que, em tese, não poderia mais haver uma justa
causa, o que naquela época nem fazia ideia que existia.
A volta pra casa foi triste e cansativa, pois, além de
ter que andar até à estação da Lapa pra pegar o trem, eu estava destruído
emocionalmente. Toda empresa de segurança tem uma base, é o local onde ficam os
vigilantes problemáticos ou os trezes, como a gente é acostumado a chamar. Os
trezes não têm posto fixo, são colocados onde falta alguém ou seja, em qualquer
posto ou local do Estado que precisar. Lembra daquele vigilante, o Roberto, que
chamou a mulher do cliente do Shopping de “Golf”, ou gostosa no código “Q”[1],
então, ele era da base. Jamais me imaginei estar naquele situação, além disso,
eu estava de férias da faculdade e tinha sido aprovado em tudo. Como que eu
iria fazer quando voltasse às aula, ira pra noite e pagar o dobro de
mensalidade? Eram questões que latejavam na minha mente, desejava voltar no
tempo e mudar tudo aquilo que aconteceu, mas, ressalvado os filmes e desenhos
que tanto gosto, as laudas do tempo são escritas com a pena do destino e com
tinta da consequência. Eu tinha que suportar aquilo de frente e pedir a Deus
que me desse força para tanto.
Ai você se pergunta, onde estão os amigos e a “namorada”,
são nessas horas que a gente sabe a força que nos dá a família. A Najela volta
e meia me mandava mensagem no face, mas não passa disso. Quanto ao pessoal do
pedágio, todos se sensibilizaram comigo e também me mandavam mensagem, mas o
abraço, algo que de fato estava precisando, só recebi da família e Gil.
Quem é Gil deves se perguntar amigo leitor... Se você se
lembrar da Priscila, minha namoradinha do pedágio, que descrevi no primeiro
capítulo, a Gil ou Gilmara, se assim preferir, era amiga da Priscila. Ela havia
entrado no pedágio há poucos dias antes do ocorrido e, quando vinha uma garota
nova, era sempre algo muito especial, pois era uma história de vida diferente,
uma conversa diferente e várias possibilidades de envolvimentos diferentes.
Quando soube do ocorrido, a Gil ficou super preocupada, me ligou e deu maior
força pra mim, razão pela qual acabamos por marcar de nos encontrarmos no
Parque do Paturis. Sim, teve mesmo o abraço citado, mas não ficamos só nisso e
também não chegamos onde tanto insisti que fosse, resumindo em muito mão boba,
mordidas... Pegar a melhor amiga de sua “namorada” é um sonho, ao menos pra
mim, mas confesso que, depois da semana que eu havia passado, eu estava pouco
me lixando para o que os outros pensavam. Poxa, eu quase morri e, na certa,
iria ser mandado embora. Quando a levei até a estação para pegar o trem, a Gil
me fez prometer que jamais contaria a Priscila, promessa que, até o presente
momento, não havia sido quebrada. Sei que tudo tem sua consequência, mas o
livro é meu e as memórias são minhas e consequência são apenas consequências...
Por falar em consequência, no primeiro dia na base,
cheguei com uma cara de poucos amigos, mostrando não estava ali por prazer e
que não iria ficar por muito tempo não, ocasião em que, ao ver o supervisor
responsável, disse que não tinha interesse de ficar ali, pois fazia faculdade
de manhã e que providenciasse um posto para mim no turno da noite. O tal
supervisor informou que não sabia como proceder e que iria falar com o
coordenador Darci. Leitor, naquela altura do campeonato, as minhas veias
engrossavam só de ouvir esse nome, dava vontade de socar quem estivesse na
minha frente. Após conversar com Darci no Nextel, o tal supervisor veio até
minha informando que era pra eu esperar em casa e que eles iriam entrar em contato
comigo, oportunidade em que, sem demora, peguei minhas coisas e me mandei.
O que acha leitor, vou ficar olhando para o teto e
esperando o Darci ligar pra mim pedindo perdão por tudo.
– Luiz Paulo,
perdoe-me por ser tão grosso, um idiota e imbecil, você é uma peça fundamental
à empresa, pode voltar ao seu posto e continuar trabalhando junto aquela galera
tão bacana – seria muita ingenuidade minha.
Então, caro leitor, no dia seguinte não quis saber de
espera porra nenhuma, comprei uma jornal amarelinho e fui em busca de um novo
emprego. Sim, eu tinha responsabilidade com minha faculdade, com a pensão do
Murillo e as contas pessoais, não podia me dar o luxo de ficar desempregado.
Pra piorar, eu ainda não tinha me recuperado financeiramente. Se se recorda bem
leitor, eu tinha pago a passagem da
minha mãe para ir ao velório da minha vó, gastei com o exame de DNA no ano
anterior, minha moto havia sido aprendida, peguei empréstimo no banco, tinha os
gastos com a faculdade e etc... Eu não era mais aquele exemplo de controle
econômico, pois tudo acima citado fiz com que as minha economias despencassem e
minha filosofia do caixa dois se tornasse caixa um. Era triste como eu andava
na corda bamba, como eu pagava tudo e sobrava tão pouco, era cinquenta em um
mês, trinta ou até vinte reais em outros. Fazer faculdade era lindo, um
verdadeiro sonho, mas a faculdade às vezes era um sonho bem caro, não fazia
ideia de como era caro e olha que eu nem comprava todos os livros que pediam
para que eu comprasse...
O fato é que eu não podia ficar desempregado, razão pela
qual, em posse dos documentos pessoais e de alguns endereços obtido no jornal
fui em busca de um novo trabalho. Como na história bíblica, o bom filho à casa
torna, razão pela qual o primeiro local que fui foi a empresa Nacional de
Segurança, meu primeiro trabalho, empresa que agora era chamada de Vanguarda.
Eu tinha uma ingênua certeza de que eles iriam e deviam me contratar de volta.
Sei lá, já que eu tinha que continuar trabalhando na área de segurança, que
fosse na empresa em que eu comecei, além do mais não havia qualquer obstáculo
para minha contratação, vez que eu não era um funcionário problemático ou tinha
sido mandado embora por justa causa. No entanto, amado leitor, rapadura é doce,
mas não é mole não, eu cheguei e preenchi a ficha, fiz entrevista e, ao falar
que já tinha trabalhado pela Nacional, sem fazer qualquer outra pergunta, a
moça disse que eu tinha que esperar em casa, que eles iriam ligar.
Voltei acabado, era como se um trator estivesse passado
por cima de mim, queria morrer, pois jamais achei que as portas daquela empresa
viesse a se fechar para mim. Tá eles podiam me ligar, mas você acha mesmo que
eles iriam ligar para mim? Bom filha à casa torna um caralho, a vida real é
triste e dolorosa... Passava um filme na minha mente, aquela imagem minha
pedindo demissão um mês antes de sair o décimo terceiro para ir trabalhar
naquele inferno chamado Shopping Tamboré e se encerrando com o clarão e zumbido
causado pelo disparo de arma de fogo na parede. No entanto, em meio à
tempestade vem a bonança, foi o que senti ao atender o telefone e falar com uma
moça chamada Roberta.
– Então Luiz Paulo, precisamos que o senhor compareça à
empresa amanhã pra gente decidir como iremos fazer, se o senhor vai retornar ao
posto ou se vai para outro – disse a Roberta trazendo luz e alegria aquele dia
tão escuro e triste.
No dia seguindo lá estava eu bem cedinho, pronto para
pedir desculpas ao Darci e retornar ao Pedágio do KM 18, pois havia aprendido
muito com o ocorrido. Após aquele bom e velho chá de espera, fui chamado e subi
o elevador até uma das sala para falar com um tal de Higor. Na ocasião fui
recebido por dois rapazes, oportunidade em que, sentado na mesma mesa onde dias
antes tinha discutido com Darci, me deram a pior notícia que poderia receber.
– Luiz, foi feita uma perícia no armamento e não foi
constatado qualquer falha mecânica, – disse Higor sentado fronte a mim – assim
a coordenação decidiu por te dispensar por justa causa – encerrou ele
entregando a mim um papel.
Palavras doem, mas é difícil explicar o que aquelas
palavras fizeram comigo, me senti um lixo e sem qualquer disposição depois
daquilo.
– O senhor decide se quer ou não assinar – disse ele me
entregando uma caneta, oportunidade me que, com minha negativa, os dois
assinaram no meu lugar.
Juro pra você leitor, as lagrimas que segurei lá dentro,
vieram com tudo no momento em que passei por aquela porta. O que eu iria fazer,
tinha o Murillo, faculdade e o que eu iria dizer a minha mãe? A cada passo via meu
sonho cada vez mais distante. Do que adiantou ser o melhor da sala para trancar
a faculdade no semestre seguinte. Eu temia parar, pois sabia que o retorno era
muito difícil e, praticamente sem salário, não sabia o que eu ia fazer, no
entanto, para aquele que persiste, sempre há uma solução, o um novo começo...