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Carapicuiba , são paulo, Brazil
Advogado inscrito OAB/SP n° 391.112; Graduado em Direito pela Faculdade da Aldeia de Carapicuíba (FALC); Pós-graduando em Ciências Criminais e Direito Tributário pela Faculdade Legale. Tem 32 anos e reside no município de Carapicuíba/SP. Watss App n°(11) 981685890.

domingo, 9 de abril de 2017

Memorias Perdidas 2.ª Parte. Cap, II - A CONSEQUÊNCIA


                                                               II.        A CONSEQUÊNCIA


O disparo causou um estrondo monstruoso, todos vieram ver o que havia ocorrido. Eu passava a mão por todo o meu corpo buscando ver onde a bala ou os seus estilhaços havia acertado e, ao mesmo tempo, caminhava para trás assustado. Em poucos segundos as garotas do pedágio chegaram e a sala de segurança ficou lotada, não sei se pra saber se estava bem ou só por curiosidade. De fato leitor, não sei o que havia acontecido, não dá pra entender como o tiro não pegou em mim, pois o projetil ficou em vários pedaços e, por um milagre, nenhum deles pegou em mim. Conforme reportagem, palestras e filmes que assisti, quando um projetil é disparado à curta distância e atinge uma parede, seus estilhaços atingem a todos que estão próximos. Mas, por um milagre ou cosia do tipo, eu sai tremendo e quase surdo, no entanto, totalmente ileso de tudo aquilo.
Não vou negar, isso tudo fez me lembrar de uma discussão que havia tido com uma colaborada do pedágio dias antes. Naquela ocasião a colaboradora, uma frequentadora da igreja Pentecostal do Sétimo, tentava me converter a sua crença e eu, por outro lado, com todo meu discurso e malícia filosófico, tentava cultivar a dúvida acerca da existência do ser divino na coraçãozinho evangélico dela. Pois é meu amigo, ali jaz a existência do ser divino e, definitivamente, mesmo com toda a minha arrogância e egocentrismo, em casa havia alguém a orar por mim, razão pela qual aquele tiro não me atingiu... Eu fui encontrado em meio a fumaça do revolver e bastante poeira devido ao dano causado a pobre da parede, branco como as páginas deste livro e, em pânico, minhas as mãos tremiam e os meus olhos estavambem húmidos. Eu escutava um zumbido continuo, um monte de mulheres gritando comigo – Luiz, Luiz, Luiz, o que aconteceu? O que foi que você fez? – Me questionava as colaboradoras do pedágio preocupadas comigo. O fato é que, após o disparo eu fiquei meio grogue, não conseguia raciocinar muito bem nos primeiros minutos após o ocorrido. Não sei se aquilo tudo foi preocupação ou apenas curiosidade...
Além disso havia uma razão especifica para o apavoro delas e, não só pelo tiro na parede, eu era o culpado. Elas pensavam que eu havia tentado um suicídio – você estava andado muito estranho ultimamente Luiz. O que você tentou fazer? – assim disse a Karina, uma das colaboradoras, após me socorrer. Não tiro a razão dela não sabe, eu estava um pouco estranho mesmo, mas daí ceifar a própria vida, é muito até pra mim. Ocorrer que eu, bancando o maluco de sempre, dias anteriores ao fato, havia postado no Facebook algo que, para o mundo normal, parecia um pouco estranho – o que será que esse louco postou? – deve-se perguntar, caro leitor. Afirmou que não era algo demais, apenas os primeiros capítulos daquele primeiro livro, que contava minha história com meu primeiro amor. Venhamos e convenhamos, o cara começa postar sua história no face e no dia seguinte escuta-se um tiro vindo da sala dele, qualquer um iria deduzir que ele tinha tentado se matar.
Não vou negar que, se de fato suicídio fosse crime e se existisse uma modalidade culposo, eu certamente incorreria neste tipo penal, mas como o nossa legislação penal não dispões de tal tipicidade, não iria ser preso, talvez tomasse justa causa. Sim, justa causa, eu já sabia a consequência de tudo aquilo e estava pronto pra enfrentar de frente, só estava com medo de ter que adiar meu sonho por causa disso, pois também sabia que corria esse risco.
– Poxa, logo agora que estava indo tão bem – pensava eu olhando para aquela maldita arma.
Assim que me acalmei e o coração, que estava na garganta, voltou ao seu devido lugar, chamei o Supervisor Fernando no Nextel e, pedi para que comparecesse no local, dando-lhe uma prévia do que havia acontecido. Com sua chegada, conversamos e eu contei detalhadamente o que havia acontecido. Após conversarmos com a supervisora do pedágio, ele deixou o local informando que tentaria me ajudar de todas as formas, mas que poderia ter consequências graves.
A vinda do Fernando em nada influenciou, continuava muito nervoso e aquela noite parecia não acabar, mal consegui comer o tal churrasco que tanto me causou ansiedade. Eu olhava para cena do crime, olhava para aquele buraco na parede e não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Com fim daquela noite, me despedi de todos meio que com uma certeza de que não voltaria mais como segurança, apesar da supervisora do Pedágio ter garantido que aquilo em nada influenciaria no meu serviço. Eu sabia da gravidade e do risco que causei a minha vida e a de todos que ali trabalhava.
Cheguei em casa arrasado e, ao contar tudo a minha mãe, ela deu glórias a Deus por eu ter chego vivo naquele dia. Não obstante a crença na minha queria mamãe, eu queria mesmo era que tudo aquilo não tivesse acontecido. Após contar pra minha mãe, tomar um café bem reforçado e, depois contar uma três ou quatro vezes aos meus irmãos, me joguei na cama com uniforme e tudo. Após responder algumas mensagens do povo do pedágio, trocar algumas palavrinhas com a Najela, eu dormi como uma criança. Aquilo era como se o sonho fosse o meio de fuga para tudo aquilo que tinha vivenciado e tudo que vinha pela frente, pois eu era muito azarado.
Eu fui dormir era quase meio dia e acordei umas três da manhã, isso porque o telefone, em um volume bem alto, anunciava a ligação de um número estranho, porém, ao tentar atender, a ligação caiu. Curioso, pois havia um monte de chamadas perdidas daquele número, maldita curiosidade, liguei de volta acreditando que fosse alguma das minha “amiga” do pedágio querendo saber como eu me encontrava, mas, pra minha surpresa, foi um homem que atendeu, pois as tais amigas não estavam nem ai para o idiota aqui. O referido homem que atendeu a ligação era o supervisor Fernando que havia passado o dia todo me ligando, pois, segundo ele, tínhamos que registrar um Boletim de Ocorrência. Após me explicar tudo, em poucos minutos, o Fernando estava em frente a minha casa, sob a alegação de que iriamos registrar a ocorrência. Isso era às três da manhã... Ao entra no carro da Prosegur com o referido Supervisor, ele me disse:
– Isso que vou te falar não sou eu que estou te contando tá – falou o Fernando disse-me Fernando, acrescentando – se contar algo desta conversa eu vou negar até a morte – encerrou ele causando extremo suspense.
Eu balancei a cabeça concordando com os termos estabelecido e ele seguiu dizendo que o Coordenador Darci havia ouvido toda a versão apresentada por ele e que tentou tudo em minha defesa, mas que só isso não bastou, posto que teve ordens de vir a minha casa para registra o Boletim de Ocorrência. O Fernando contou que tem que ele pensava no profissional de forma humanista, mas que o Darci, da forma que falou, não parecia ter a mesma visão e, para ele, o vigilante não parece passar de mero número ou peça que é facilmente substituída.
– Na certa o coordenador Darci está querendo arquitetar uma justa causa – disse o Fernando mostrando estar do meu lado – no seu lugar eu não faria Boletim de Ocorrência, pois você não é obrigado a constituir prova contra você – acrescentou ele ainda sério.
Não vou negar, acreditei nele, mas a coisa começou a ficar estranha quando ele, mesmo me dando aquele conselho, foi comigo até à frente da Delegacia, o que deixou tudo muito estranho. Sabe, aquele GPS ligado parecia servir para registrar o local por onde o carro passava e, estar na delegacia, era como se eximisse o Fernando de algo.
– Estamos em frente à delegacia – dizia o Fernando elucidando as opções – agora vai de você registrar o boletim de ocorrência ou não.
Até hoje não sei se ele foi mesmo aquele amigo todo, mas depois de tudo que falamos no caminho até ali, só se eu fosse louco iria registrar algum Boletim de Ocorrência. Ocorre que, com minha negativa, ele deu a bela ideia de eu ir até à Prosegur e conversar com o tal do Darci, o que aceitei de imediato. Eu queria olhar para a cara daquele que queria minha cabeça. No entanto, foi a pior besteira que eu fiz... Sabe, esse meu jeito de querer peitar e enfrentar tudo de cara é um verdadeiro ponte de interrogação em minha vida, até hoje não sei se é vício ou virtude, mas, uma coisa é certa, trouxe mais prejuízos que lucros.
Fato é que, da delegacia fomos direto para Prosegur, próximo ao prédio da Philips, em uma das saídas da Marginal Tiete. Cheguei ao local e, após o Fernando se despedir, eu fiquei lá esperando... Eu tomei um chá de cadeira naquele lugar leitor, puta maldade. Pra ser mais específico, cheguei às cinco da manhã e o filho da puta veio falar comigo às dez da manhã. Só que a coisa não para por ai não, pois, ao sentar à mesa frente ao tal Darci, o filho da puta, após eu narrar com detalhes o que havia acontecido, teve a audácia de falar que eu estava brincando com a porra da arma, oportunidade em que travamos uma breve discussão.
– Você acham que eu sou idiota – seguiu o Darci interrompendo a linda história narrada por mim – vocês ficam brincando com a arma durante à madrugada, só falta enfiar no cú e agora vem com esse papinho pra cima de mim. Você acha mesmo que sou idiota – acrescentou ele.
Acredito que certas palavras não devem ser ditas, por mais que o nível de raiva seja incontrolável, porém, a desgraça já havia ocorrido e, não tendo mais nada a perder, de maneira nenhuma eu ria deixar aquele almofadinha levar uma comigo.
– Seria muito difícil eu sair da minha cama a hora que sai e, pior, fica esperando quase cinco horas pra ser atendido, para te chamar de idiota, mas, por atitudes como as que acaba de mostrar, acho que não há termo que possa te qualificar melhor – disse eu àquele imbecil após suas palavras ofensivas.
– E por que você não quis registrar o Boletim de Ocorrência? O Fernando disse que você se recusou – questionou ele já num tom mais amigável.
– Não sou obrigado a constituir prova contra mim e, além disso, eu passei no concurso da Polícia Militar e isso pode me prejudicar – respondi olhando nos olhos dele.
Depois dessa resposta o cara mudou de cor, saiu da sala e não voltou mais, sendo que, passado vinte minutos, pedi pra que uma moça que fossem atrás dele. Fala a verdade leitor, esse cara merecia um tiro bem no meio da testa. Com isso, a moça voltou com a informação de que eu deveria comparecer no dia seguinte na base da Prosegur na Barra Funda com o uniforme às oito. Isso significava Adeus pedágio, mas, ao mesmo tempo, à luz da legislação trabalhista, um perdão tácito e que, em tese, não poderia mais haver uma justa causa, o que naquela época nem fazia ideia que existia.
A volta pra casa foi triste e cansativa, pois, além de ter que andar até à estação da Lapa pra pegar o trem, eu estava destruído emocionalmente. Toda empresa de segurança tem uma base, é o local onde ficam os vigilantes problemáticos ou os trezes, como a gente é acostumado a chamar. Os trezes não têm posto fixo, são colocados onde falta alguém ou seja, em qualquer posto ou local do Estado que precisar. Lembra daquele vigilante, o Roberto, que chamou a mulher do cliente do Shopping de “Golf”, ou gostosa no código “Q”[1], então, ele era da base. Jamais me imaginei estar naquele situação, além disso, eu estava de férias da faculdade e tinha sido aprovado em tudo. Como que eu iria fazer quando voltasse às aula, ira pra noite e pagar o dobro de mensalidade? Eram questões que latejavam na minha mente, desejava voltar no tempo e mudar tudo aquilo que aconteceu, mas, ressalvado os filmes e desenhos que tanto gosto, as laudas do tempo são escritas com a pena do destino e com tinta da consequência. Eu tinha que suportar aquilo de frente e pedir a Deus que me desse força para tanto.
Ai você se pergunta, onde estão os amigos e a “namorada”, são nessas horas que a gente sabe a força que nos dá a família. A Najela volta e meia me mandava mensagem no face, mas não passa disso. Quanto ao pessoal do pedágio, todos se sensibilizaram comigo e também me mandavam mensagem, mas o abraço, algo que de fato estava precisando, só recebi da família e Gil.
Quem é Gil deves se perguntar amigo leitor... Se você se lembrar da Priscila, minha namoradinha do pedágio, que descrevi no primeiro capítulo, a Gil ou Gilmara, se assim preferir, era amiga da Priscila. Ela havia entrado no pedágio há poucos dias antes do ocorrido e, quando vinha uma garota nova, era sempre algo muito especial, pois era uma história de vida diferente, uma conversa diferente e várias possibilidades de envolvimentos diferentes. Quando soube do ocorrido, a Gil ficou super preocupada, me ligou e deu maior força pra mim, razão pela qual acabamos por marcar de nos encontrarmos no Parque do Paturis. Sim, teve mesmo o abraço citado, mas não ficamos só nisso e também não chegamos onde tanto insisti que fosse, resumindo em muito mão boba, mordidas... Pegar a melhor amiga de sua “namorada” é um sonho, ao menos pra mim, mas confesso que, depois da semana que eu havia passado, eu estava pouco me lixando para o que os outros pensavam. Poxa, eu quase morri e, na certa, iria ser mandado embora. Quando a levei até a estação para pegar o trem, a Gil me fez prometer que jamais contaria a Priscila, promessa que, até o presente momento, não havia sido quebrada. Sei que tudo tem sua consequência, mas o livro é meu e as memórias são minhas e consequência são apenas consequências...
Por falar em consequência, no primeiro dia na base, cheguei com uma cara de poucos amigos, mostrando não estava ali por prazer e que não iria ficar por muito tempo não, ocasião em que, ao ver o supervisor responsável, disse que não tinha interesse de ficar ali, pois fazia faculdade de manhã e que providenciasse um posto para mim no turno da noite. O tal supervisor informou que não sabia como proceder e que iria falar com o coordenador Darci. Leitor, naquela altura do campeonato, as minhas veias engrossavam só de ouvir esse nome, dava vontade de socar quem estivesse na minha frente. Após conversar com Darci no Nextel, o tal supervisor veio até minha informando que era pra eu esperar em casa e que eles iriam entrar em contato comigo, oportunidade em que, sem demora, peguei minhas coisas e me mandei.
O que acha leitor, vou ficar olhando para o teto e esperando o Darci ligar pra mim pedindo perdão por tudo.
Luiz Paulo, perdoe-me por ser tão grosso, um idiota e imbecil, você é uma peça fundamental à empresa, pode voltar ao seu posto e continuar trabalhando junto aquela galera tão bacana – seria muita ingenuidade minha.
Então, caro leitor, no dia seguinte não quis saber de espera porra nenhuma, comprei uma jornal amarelinho e fui em busca de um novo emprego. Sim, eu tinha responsabilidade com minha faculdade, com a pensão do Murillo e as contas pessoais, não podia me dar o luxo de ficar desempregado. Pra piorar, eu ainda não tinha me recuperado financeiramente. Se se recorda bem leitor,  eu tinha pago a passagem da minha mãe para ir ao velório da minha vó, gastei com o exame de DNA no ano anterior, minha moto havia sido aprendida, peguei empréstimo no banco, tinha os gastos com a faculdade e etc... Eu não era mais aquele exemplo de controle econômico, pois tudo acima citado fiz com que as minha economias despencassem e minha filosofia do caixa dois se tornasse caixa um. Era triste como eu andava na corda bamba, como eu pagava tudo e sobrava tão pouco, era cinquenta em um mês, trinta ou até vinte reais em outros. Fazer faculdade era lindo, um verdadeiro sonho, mas a faculdade às vezes era um sonho bem caro, não fazia ideia de como era caro e olha que eu nem comprava todos os livros que pediam para que eu comprasse...
O fato é que eu não podia ficar desempregado, razão pela qual, em posse dos documentos pessoais e de alguns endereços obtido no jornal fui em busca de um novo trabalho. Como na história bíblica, o bom filho à casa torna, razão pela qual o primeiro local que fui foi a empresa Nacional de Segurança, meu primeiro trabalho, empresa que agora era chamada de Vanguarda. Eu tinha uma ingênua certeza de que eles iriam e deviam me contratar de volta. Sei lá, já que eu tinha que continuar trabalhando na área de segurança, que fosse na empresa em que eu comecei, além do mais não havia qualquer obstáculo para minha contratação, vez que eu não era um funcionário problemático ou tinha sido mandado embora por justa causa. No entanto, amado leitor, rapadura é doce, mas não é mole não, eu cheguei e preenchi a ficha, fiz entrevista e, ao falar que já tinha trabalhado pela Nacional, sem fazer qualquer outra pergunta, a moça disse que eu tinha que esperar em casa, que eles iriam ligar.
Voltei acabado, era como se um trator estivesse passado por cima de mim, queria morrer, pois jamais achei que as portas daquela empresa viesse a se fechar para mim. Tá eles podiam me ligar, mas você acha mesmo que eles iriam ligar para mim? Bom filha à casa torna um caralho, a vida real é triste e dolorosa... Passava um filme na minha mente, aquela imagem minha pedindo demissão um mês antes de sair o décimo terceiro para ir trabalhar naquele inferno chamado Shopping Tamboré e se encerrando com o clarão e zumbido causado pelo disparo de arma de fogo na parede. No entanto, em meio à tempestade vem a bonança, foi o que senti ao atender o telefone e falar com uma moça chamada Roberta.
– Então Luiz Paulo, precisamos que o senhor compareça à empresa amanhã pra gente decidir como iremos fazer, se o senhor vai retornar ao posto ou se vai para outro – disse a Roberta trazendo luz e alegria aquele dia tão escuro e triste.
No dia seguindo lá estava eu bem cedinho, pronto para pedir desculpas ao Darci e retornar ao Pedágio do KM 18, pois havia aprendido muito com o ocorrido. Após aquele bom e velho chá de espera, fui chamado e subi o elevador até uma das sala para falar com um tal de Higor. Na ocasião fui recebido por dois rapazes, oportunidade em que, sentado na mesma mesa onde dias antes tinha discutido com Darci, me deram a pior notícia que poderia receber.
– Luiz, foi feita uma perícia no armamento e não foi constatado qualquer falha mecânica, – disse Higor sentado fronte a mim – assim a coordenação decidiu por te dispensar por justa causa – encerrou ele entregando a mim um papel.
Palavras doem, mas é difícil explicar o que aquelas palavras fizeram comigo, me senti um lixo e sem qualquer disposição depois daquilo.
– O senhor decide se quer ou não assinar – disse ele me entregando uma caneta, oportunidade me que, com minha negativa, os dois assinaram no meu lugar.
Juro pra você leitor, as lagrimas que segurei lá dentro, vieram com tudo no momento em que passei por aquela porta. O que eu iria fazer, tinha o Murillo, faculdade e o que eu iria dizer a minha mãe? A cada passo via meu sonho cada vez mais distante. Do que adiantou ser o melhor da sala para trancar a faculdade no semestre seguinte. Eu temia parar, pois sabia que o retorno era muito difícil e, praticamente sem salário, não sabia o que eu ia fazer, no entanto, para aquele que persiste, sempre há uma solução, o um novo começo...





[1] MIRANDA, Luiz Paulo. Memorias perdidas. Fls.314

Só Queria Ir Embora

Só quero ir embora, Não quero mais ficar aqui... Acho que já passou nossa hora, Com ou sem sofrimento, o adeus há de vir. # Sim, só quero di...