Nossa história começa numa tarde de domingo, o qual, diferente dos anteriores, era marcado pelo fato da minha irmã Rose nos presentear com um delicioso arroz doce. Eu, completamente apaixonado por aquela delícia, caí matando sem pensar duas vezes e, inocente, nem imaginar o que me esperava...
Quando caiu a noite, como um verdadeiro guloso, não quis saber de jantar. Jantar pra quê? Isso mesmo amigo, eu ataquei o restante do arroz doce, pior que isso, ataquei também aquele restinho que fica grudado no fundo e na lateral da panela.
Após essa saudável refeição, eu fui dormir muito contente e satisfeito, acordando no dia seguinte bem cedo com minha mamis me chamando pra ir à faculdade. Na época eu cursava o nono semestre de Direito na FALC e meu irmão Niel estudava Letras no mesmo bloco, mas em uma sala na parte superior.
Aquele seria uma dia como outro qualquer, mas, graças aquele arroz doce, estava condenado a ser um dia atípico que marcaria minha vida e a vida de pessoas que ainda não conhecia... As duas primeiras aulas foram tranquilas, não senti qualquer diferença, mas meu pesadelo começou após o intervalo, posto que, de uma hora pra outra, bateu um pequeno incômodo no estômago e uma vontade fudida de cagar. Era a porra do arroz doce querendo sair em plena aula... Não costumo discutir com meu organismo, então se der vontade de mijar, irei mijar, se vontade de cagar, largo tudo irei cagar, mas torço pra que tais vontades se manifestem em casa. Assim, com tal incômodo, foi o que fiz, me dirigi ao trono de louça sem pensar muito. Ocorre que, ao chegar em frente ao banheiro masculino avistei uma placa amarela, a qual, estranhamente, deixava claro que o banheiro masculino estava inoperante. Achei estranho, pois não era a primeira vez que eu cagava aquele horário e sabia que a mulher dá limpeza sempre começava pelo banheiro feminino. Não questionei, afinal das contas eu queria cagar, independente de onde...
Bom, quando a moça da limpeza estava limpando o banheiro, tanto masculino quanto feminino, aqueles que estavam sem seu banheiro se socorriam ao banheiro de deficientes, foi o que esse pobre infeliz aqui fez... Então, meu caro leitor, eu entrei naquele banheiro e passeia à exorcizar o fantasma que tinha me possuído no dia anterior, mas tranquilamente pra não perder o clima.
Mas a história não acaba aí não caro amigo, pois, infelizmente, começaram a bater na porta quebrando todo o meu clima. O pior não é isso não, era voz de mulheres, havia pelo menos umas quatro... Elas falavam pra ir logo, que estavam apertadas e coisa e tal, ou seja, então o banheiro que estava inoperante era o feminino e não o masculino, como fui induzido à acreditar.
Não vou negar, acho que tinha mais côco pra sair, porém, com aquelas mulheres batendo na porta e mandando que eu saísse, quem iria conseguir cagar em paz. Me senti preso numa cena de um dos filmes do Amaricam Pie...
Naquele triste momento, pensei comigo, vou ficar aqui quietinho e, cedo ou tarde, elas irão embora. Pois é, estava disposto a perder aulas pra não passar por tal vergonha. Eu até que fiquei lá parado um pouco esperando, mas quem disse que elas foram embora, aí que começaram bater mesmo na porta.
Leitor, com que cara eu iria abrir aquela porta? Pra piorar o cocô não desceu totalmente com a descarga... Tipo, eu não me incomodava com o cheiro que estava no recinto, mas ela iriam perceber no momento em que abrisse a porta. Pois é meus caros, mesmo dando descarga o cheiro não iam embora e elas não desistiram de jeito algum. Parei pra pensar, ou eu fico aqui preso com o cheiro do meu côco perdendo toda a aula ou eu enfrento elas e as deixo aqui com meu presentinho. Além do mais, a voz não era de ninguém conhecida e FODA-SE o que iram pensar sobre o meu côco...
Então enchi o peito de ar e comecei a abri a porta, mas só consegui abrir parte dela, pois o restante quem abriu foi uma das moças com um empurrão. Acho que ela também queria dá um cagão... Mas eu queria que fosse o empurrão a única surpresa que me esperava, mas não foi, pois no momento em que olhei para as quatro, que ali esperavam pela minha saída do trono, descobri que todas eram da sala do meu irmão. E elas eram bonitas e super bem vestidas. Estudavam estudante de pedagogia e, não se por influência do grupo, viviam animadas pelos corredores da faculdade. E eu, por vaidade um arroz doce, acabei com o ânimo e com a felicidade delas.... Isso mesmo meus caros, eu devia ter ficado lá quietinho com cheiro do meu côco... Naquele dia quando eu cheguei em casa a zueira começou. O Niel, meu irmão, dizia que as meninas subiram pra sala tontas com o presente que eu ali deixei, sem contar a vergonha que passava sempre que cruzava com elas.
Então leitor amigo, cuidado com arroz doce, pois a partir desse dia maluco eu passei a ter.
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Luiz Paulo Miranda